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Channel: Luís Graça & Camaradas da Guiné
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Guiné 63/74 - P14670: Filhos do vento (35): "Não nego a existência de 'filhos da guerra', mas defenderei sempre a dignidade dos combatentes portugueses" (Jorge Cabral) / "Sempre considerei e tratei os/as guineenses como sendo tão portugueses/as como eu" (João Martins) / "Sou claramente pela concessão da nacionalidade, o Estado que assuma as suas obrigações" (José Manuel Matos Dinis)

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1. Comentário de Jorge Cabral (*) [, foto à esquerda, alguns anos atrás: ao lado da sua aluna da licenciatura de serviço social,  Beni Barbosa Ferreira, guineense, nascida em Bissau em 1980; jurista, especialista em direito penal, professor universitário reformado da Universidade Lusófona]:


Defenderei até à morte a honra e a dignidade dos Combatentes Portugueses na Guiné. Filhos de Portugueses e de Mulheres Guineenses,claro que existiram. Seria interessante averiguar quanto filhos de pai incógnito,nasceram no mesmo período em Portugal.

Concordo que os todos os Filhos sem nome de Pai devem ter o direito de conhecer a identidade do respectivo Progenitor. Claro que ser Progenitor e ser Pai constituem realidades diferentes. 

Abraço! Jorge Cabral


2. Comentário do João Martins (*) [, foto à direita, em 1978, em 

São Martinho do Porto; ex-alf mil art, do BAC 1 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/70)]


Amigo e camarada Luís Graça:

Bem sei que não é políticamente correto, mas, como não sou mentiroso e sempre defendi a verdade, embora, durante a minha vida tenha mentido, mas espero que tenham sido mentiras sem consequências de maior, não posso deixar de pensar que estivemos na Província Ultramarina da Guiné, território tão português como o Algarve, a Madeira, os Açores, e muitos outros territórios ultramarinos, pelo que, considero, os seus naturais e seus descendentes tão portugueses como eu, e é dessa maneira que os trato quando os tenho pela frente.

Lamento é que, com a tal descolonização, tenhamos ficado, e refiro-me à grande maioria, mais pobres, mais endividados, e mais "colonizados" pelos grandes interesses internacionais contra os quais combatíamos e continuamos a combater e que nos derrotaram. 

Face a esta perda de direitos e de poder de compra que nos afeta, considero que a "solidariedade" não deve ser um sentimento para "meter na gaveta", e devemos assumir as nossas responsabilidades para com todos estes nossos concidadãos com um passado histórico comum, devendo votar em partidos que os defendam, se é que existem..., e muito particularmente, que defendam esses nossos descendentes a que te referes, que têm sangue bem lusitano correndo em suas veias.

Grande abraço de alguém que teve a sorte de conhecer a Guiné como poucos... e apaixonar-se por aquelas gentes, francas, sinceras, gentis e amigas...

João Martins

PS - Lutemos por um espaço lusófono de entreajuda entre povos com origens diferentes mas que se expressam na mesma língua e acabam por ter a possibilidade de uma comunicação, de um diálogo, de uma sintonia, que nos afasta de outros povos com passados históricos e experiências bem diferentes.
Haverá no caminho muitos espinhos, mas a beleza e o perfume das rosas sairão vitoriosos, e o bom senso virá ao de cima e apagará todos os mal-entendidos.


3. Comentário de José Manuel Matos Diniz (*) [ex-fur mil, CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), "amanuense da Magnífica Tabanca da Linha, em efectividade de serviço"; ex-quadro técnico da Diamang, Angola, 1972/74; membro de longa data da Tabanca Grande, mãe de todas as tabancas]


Camaradas,

A questão é muito delicada e, presumo, deve ser tratada sem que se criem falsas expectativas e graves perturbações.

Na presunção de que ainda haverá muitos combatentes vivos com descendência na Guiné, também não me parece razoável que se façam denúncias de casos supostamente conhecidos. Passados 40 a 50 anos, só os filhos nunca se sentiram com vida estruturada, mas colocá-los perante a amargura de não serem reconhecidos, será o maior trauma que pode vitimar um ser humano.

O Blogue, e outras pessoas de boa intenção, já deram indicações de filhos do vento", às vezes com identificação dos pais. Assim, aqueles que tomaram conhecimento e sentiram necessidade de se apaziguarem, já terão dado os passos necessários com vista ao reencontro.

Quanto à questão da nacionalidade, já é outra coisa, muito mais fácil de decidir, quanto a mim, mas muito mais dificil quanto ao Estado. Sou também da opinião que devia ser concedida a nacionalidade a todos os que comprovadamente a solicitassem. 

Diz o João José que são todos filhos de Portugal. Alguém tem dúvidas? Só que estão tão deslocados do "jardim", e dependentes de raízes que entretanto desenvolveram, que na ausência dos pais, pouco proveito poderão receber.

Mas sou claramente pela concessão da nacionalidade. O Estado deve assumir as suas obrigações. (**)

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Notas  do editor:

(*) Último poste da série > 25 de maio de  2015 > Guiné 63774 - P14659: Filhos do vento (32): Festival Rotas e Rituais, 2015: 22 de maio > Conferência "Filhos da Guerra": apontar o dedo ou dar a mão para ajudar ? (Hélder Sousa / João Sacôto)

(**) Último poste da série > 27 de maio de  2015 > Guiné 63/74 - P14667: Filhos do vento (34): Festival Rotas e Rituais, 2015: 22 de maio > Conferência "Filhos da Guerra": vídeo com a intervenção da jornalista Catarina Gomes

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