António Pedro Carneiro de Miranda
IN MEMORIAM
O Miranda faleceu
1. Texto do nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69):
Amarantino de gema e combatente inveterado pelas causas que defendia, fosse em tempos de paz ou de guerra, o António Pedro Carneiro de Miranda não resistiu ao último ataque. Lutou imenso pela sua terra, pela sua Pátria e, por último, pela sua saúde. Quem o conheceu sabe bem do seu valor e seguramente o irá recordar para sempre.
A nossa amizade deveu-se ao facto de nos termos conhecido no Quartel de Vendas Novas, nos princípios de 1966, termos convivido durante toda a restante prestação militar, no Continente e na Guerra da Guiné e termos mantido uma óptima relação até aos dias de hoje.
Para além da sua notável prestação militar, o Carneiro de Miranda destacou-se como Director do jornal “Tribuna de Amarante”, onde sempre procurou defender os interesses amarantinos. Lembramos também o seu livro em defesa do Rio Tâmega e contra a implantação da Barragem do Torrão.
O Miranda também era conhecido pelo seu saudável “Portismo” e pela camaradagem que mantinha e promovia junto dos seus amigos ex-combatentes. Lembro a referência que lhe fiz em https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2010/09/guine-6374-p6951-memorias-boas-da-minha.html incluído no II volume de “Memórias boas da minha guerra”, páginas 59 a 65.
José Ferreira da Silva
(José Ferreira)
José Ferreira e Carneiro de Miranda
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Quando vi o Miranda pela primeira vez no RAP 2, em Vila Nova de Gaia, ao formarmos Batalhão, que acabaria por embarcar para a Guiné, pareceu-me viver escondido atrás dos óculos grandes, com lentes fumadas. Os óculos descaíam pelo nariz e ele empurrava-os, repetidamente, para cima com os dedos da mão direita - um tique que o acompanhou toda a vida.
Com o passar do tempo revelou-se um companheirão, mas, ACIMA DE TUDO, estava o orgulho em Amarante, a cultura amarantina, as figuras da literatura, da pintura… e a cultura popular à volta de S. Gonçalo.
Em noites mais animadas cantava e arrastava consigo todos para cantarem as quadras de S. Gonçalo, que, mesmo para quem não as conhecia, lhe ficaram no ouvido/na memória. E, quando regressou de umas férias, trazia uns exemplares da doçaria tradicional da sua Amarante, que obrigou toda a gente a comer.
Agora que o Miranda partiu para LÁ e, talvez, já tenha tido oportunidade de conhecer S. Gonçalo, juro-vos (daquilo que dele conheci) que, se, acaso, essas “coisas” que se dizem de S. Gonçalo não forem verdade, ele não vai informar ninguém… para que tudo na sua Amarante continue como ele a conheceu, amou, apreciou… e VIVEU.
E que viva sempre na nossa memória!
Alberto Branquinho
Carneiro de Miranda, o segundo, de pé, a partir da direita
O funeral realiza-se amanhã, dia 26 de Agosto, pelas 18,45 na Igreja de S. Pedro, no centro de Amarante
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3. Nota do editor:
Aos familiares, amigos e camaradas do malogrado Carneiro de Miranda, aqui fica o mais sentido pesar da tertúlia deste Blogue.
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Nota do editor
Último poste da série de 20 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17684: In Memoriam (302): Morreu o Aurélio Duarte, mais um dos nossos, da nossa seita, da nossa guerra... Nunca mais ouvirei o teu grito de guerra coimbrão, Eferreá!... Eferreá!... Mas para ti vai tudo, amigo e camarada!... Ficas à sombra do nosso poilão, no lugar nº 750!... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 /CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)